Então disse Deus: "Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa". Ex 3:5
Esta é a primeira referência ao solo sagrado na Bíblia. Esta experiência marcou Moisés. Ao tirar as sandálias ele se conectou com a sua espiritualidade, com o seu chamado, com o propósito eterno para o qual havia nascido.
Tirar as sandálias é muito mais do que uma atitude de reverência religiosa. As sandálias de Moisés não permitiam que ele tivesse contado com aquele solo cheio da presença de Deus, com aquele chão mágico que traçaria sua vida dali em diante. Deus não queria que as sandálias impedissem Moisés de pisar um chão de possibilidades e verdades que mudariam sua rota de vida para sempre.
Uma terra santa é um espaço reservado para a distinção da vida. Era ali que Deus começava a escrever o terceiro capítulo dos 120 anos de Moisés. Seria um tempo de experiências gloriosas e singulares. Era necessário que Moisés deixasse suas sandálias de lado. Sua experiência com o passado não era suficiente para aquilo que estava por vir.
Sandálias também falam de movimento, de dinâmica. Fala sobre a poeira nos pés dos processos da vida. Tirar a sandálias fala da uma oportunidade nova para rescrever a própria história a partir do contato com essa nova realidade espiritual.
Tirar as sandálias nos remete a idéia de renunciar a própria capacidade de ser. Moisés percebe que sem os sapatos, a sua vulnerabilidade e sensibilidade ficam mais evidentes, fatores imprescindíveis para quem quer estar na presença de Deus com humildade. Deus só pode ter um encontro com quem realmente somos, sem vestes ou aparatos que nos escondam ou nos dêem uma idéia falsa de proteção.
E isso tudo nos leva a pensar que quando se está descalço é preciso prestar atenção onde se pisa. Isto significa que estar na presença de Deus requer mais atenção, observação e reflexão. Sem as sandálias, podemos de pés descalços, interagir melhor e desenvolver nossa intimidade com Deus.
A Ele toda a Glória.