Espiritualidade é a experiência humana do sagrado, transcendente, divino. Religião é a maneira como o ser humano organiza e vivencia sua experiência de transcendência. Espiritualidade é uma experiência humana universal. Religião é uma experiência humana condicionada a dogmas, ritos, códigos morais e grupos de pessoas que acreditam nas mesmas coisas e celebram sua espiritualidade da mesma maneira. As religiões mais conhecidas no mundo são Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo e Budismo. A espiritualidade é o que os seres humanos têm em comum. Por exemplo, tanto o Dalai Lama quanto o Papa Bento XVI embora adotem religiões diferentes, um é budista, o outro é cristão, têm em comum a espiritualidade.
Em termos simples, assim como o ser humano tem corporeidade (relação com o corpo) e racionalidade (relação com a mente), também tem espiritualidade (relação com as realidades espirituais). Religião é maneira como cada ser humano desenvolve e pratica sua espiritualidade. Espiritualidade tem a ver com os atributos do espírito humano: razão, emoção, volição, consciência e auto-consciência. Religião está relacionada ao mundo dos espíritos, supra humanos ou sobrenaturais. Espiritualidade é aquilo referente às virtudes do espírito: amor, compaixão, solidariedade, generosidade, perdão e justiça. Religião trata mais das regulações morais, objetivas: pode, não pode, em detrimento das virtudes subjetivas.
Dentro de cada religião existe um número variado de maneiras de vivenciar a espiritualidade. Por exemplo, no Cristianismo a espiritualidade pode ser vivida de uma forma Católica Romana e outra Protestante, e mesmo dentro do catolicismo e do protestantismo, existem ramificações variadas: uma coisa é a Canção Nova, outra as Ciomunidades Eclesiais de Base, um é o catolicismo carismático, outro o catolicismo da teologia da libertação. No protestantismo também, um é o cristianismo de Santo Agostinho, Tomás de Aquino e dos célebres reformadores Martinho Lutero e João Calvino, outro o cristianismo do pentecostalismo e do neo-pentecostalismo.
Observe também a variedade do judaísmo. Há o judaísmo ortodoxo rabínico, com seu foco na tradição da Torah, do Tanakh e do Talmud, e o judaísmo hassídico, com sua ênfase na mística, além da versão cabalista e das diferenciações resultantes da territorialidade: os sefardistas, da Península Ibérica, e os asquenazes, da Europa Central e Oriental. O mesmo acontece com o Islamismo, com seus ramos sunita, hegemônico e mais tradicional, os xiitas, a minoria radical considerada dissidente, e a versão mística do sufismo, que alguns muçulmanos nem mesmo consideram identificada como Islã.
O budismo possui também sua variedade, considerando aspectos doutrinais e populares e suas principais versões: indiana e tibetana. Embora seja considerada uma filosofia não teísta, que o teólogo alemão Karl Barth considerava “uma religião sem Deus”, o chamado budismo popular possui características mágicas de culto a divindades diversas. Assim como o Hinduísmo, que não tem um sistema unificado de crenças codificado numa declaração de fé ou um credo, e engloba a pluralidade de fenômenos religiosos relacionados às tradições vêdicas. O Hinduísmo costuma ser definido com mais frequência como uma tradição religiosa, a mais antiga e a mais diversa das religiões mundiais.
As generalizações religiosas servem como categorias sociológicas e ajudam a compreender as diferentes tradições, mas dizem muito pouco a respeito da espiritualidade de seus praticantes. Categorias religiosas não são suficientes para conter a grande diversidade das relações humanas com o sagrado e o divino. Dizer qual é a sua religião sugere alguma coisa, mas não diz muito a respeito de sua espiritualidade. É mais fácil encontrar uma pessoa religiosa, do que um espírito livre e capaz de amar.